terça-feira, 2 de março de 2010

Cozinhar, momento mágico




Cozinhar é algo mágico que leva você a mergulhar dentro de sua alma.
Cozinhar é algo essencial para a vida; algo que se precisava aprender na escola, desde pequeno, como se aprende matemática, português.
Desde pequena eu tive contato com a cozinha, vivia entre as panelas, colheres, batatas, tomates, que delícia!!! Acho que fui a criança mais realizada deste mundo! Sou Chef de Cozinha, amante e praticante desse ato de cozinhar, no restaurante, em casa, na casa dos amigos, na aula de Yôga.
Muitas coisas aprendi na cozinha; não só a cortar, picar, lavar, limpar. Aprendi que lá, a gente pode ser como é. Não precisa usar máscaras. Enquanto se corta uma batata, pode-se cantar a música que toca no rádio; pode-se falar sobre a vida, de como funcionam os nossos órgãos, sobre nossos segredos ...
Por isso tudo, o ato de cozinhar deve fazer parte da vida da gente . Cozinhar com a mãe, com a avó, com a amiga, com o namorado, com a madrinha de crisma....colocar o papo em dia, fofocar, namorar. Tantas são as lembranças, cheiros, aromas, sentimentos! Isso é cozinhar, é se entregar, é não ter medo de errar (colocar uma pitada de canela para dar mais sabor... ), é pensar e agir como a gente é. A comida une as pessoas, os corações ficam aquecidos, as pessoas acessíveis, felizes. Onde há risadas, a comida é melhor.
Tudo que se aprende na cozinha se leva para a vida, a gente fica mais leve, tem mais coragem e se arrisca mais (colocar mais ou menos sal, pimenta, na vida ...). Tantas decisões tomei na cozinha :” acho que vou mudar de faculdade...” Muito mais do que uma necessidade , comer é um prazer. Como diz uma amiga: - “Se Deus inventou algo melhor do que comer, guardou só pra ele. “
Minha paixão pela cozinha vem desde pequena e está no sangue; é parte da família. Meu avó paterno era padeiro, meu pai o ajudava entregar os pães, minha avó tomava conta do caixa e do balcão da padaria. Tenho comida até no nome, porque segundo dizem, o meu sobrenome Cestari, significa cesta de pães. Por coincidência ou não, todos os irmãos do meu avô sempre se dedicaram à cozinha, especialmente aos pães.
O que contribuiu muito para meu amor pela cozinha foi o fato de que fui criada praticamente dentro dela. Cata, minha mãe preta, madrinha de crisma, cuidava de mim e me deixava ficar na cozinha azucrinando o seu trabalho; fazendo puxa-puxa de açúcar, pipoca com groselha e colocando canela no doce de abóbora, que ficou preto e amargo, ( Acho que eu exagerei na canela )
Minha mãe Waldete também sempre me deu liberdade de mexer com as panelas e me deixou gastar tudo o que tínhamos na despensa para fazer as receitas que eu acabara de descobrir: bolo tico tico no fubá, arroz colorido da Juliana, tomates recheados, torta de tomate da tia Wanda. Tantas receitas fizemos juntas e conversamos sobre a vida, mergulhando no fundo das nossas almas e sendo somente nós mesmas, uma com a outra, mãe e filha.
O tempo passou, eu cresci e por opção, hoje eu vivo de cozinhar para as pessoas e de ensinar as pessoas a cozinhar. Deixei de lado o Direito para cozinhar. Sou muito feliz com a minha escolha!
Por que na próxima vez em que for cozinhar, não chama os amigos ou a sua família para compartilhar desse momento mágico e fazer com que ele seja único ?

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